2 de fevereiro de 2009

O ÚLTIMO DIA ( parte II )


Entrou, sem bater, tirou as roupas pesadas e húmidas. Estava em casa, janela aberta, cortinas esvoaçantes, vento leve, ameno, com cheiro a campos de milho, sol. Debruçou-se no parapeito, alto.
No horizonte o mar, calmo como rio, do mesmo azul que o céu, pareciam um só. Os sons calmos, da brisa, do pipilar das aves e por vezes dos sapatos dos miúdos em correrias.
Aspirou o ar de rua, ao expirar suspirou! Pensou, sorriu. O tempo quase parado, a brisa entrava, rodopiava, oferecia-se à pele, que a recebia com todos os poros. Abriu os braços como se quisesse abraçar tudo o que via, olhou amplo e viveu.
Os sinos da igreja soavam nove badaladas e do silêncio, como que a celebrar, a carrinha do peixe chega e com ela o megafone pelo qual se faz anunciar. O movimento começou a aumentar aos poucos, com melodia e tradição, estava tudo perfeito, por dentro e lá fora.
Procurou um disco, pegou-lhe, e quase em acto de sedução, retirou o vinil, soprou. Levantou a tampa do gira-discos... Baixou a agulha... "...Don`t worry about a thing, `Cause every little thing gonna be all right...". Sentou-se, fechou os olhos e ouviu. Cantou.
Ontem foi o último dia de "Inverno".

4 comentários:

  1. Que a primavera traga melodias interessantes... mesmo que quem ritmo "reggae". (sorrisos)
    Abraço.

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  2. O último dia pode ser um grande começo.
    Obrigado FM
    Abraço

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  3. UM bom "Inverno" é importante! Só através dele se saboreia o "Verão".

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  4. É verdade, os momentos de felicidade são mais felizes depois de algum "temporal"

    bj

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