27 de agosto de 2009

Ventos e Oceanos


A linha é tudo menos recta e fôlego perde-se em cada curva, será todavia bom lembrar os ventos e os oceanos, estes, não têm rumo ou fim, baloiçam harmónicos por falta dela. Assim fui eu até agora, livre, pendurado no acaso, sem rumo e com visão turva do futuro, feliz e infeliz.
Tudo tem preço e tem vezes que o preço é muito alto! A solidão tem tanto de regenerativo como de destrutivo, para combate-la teve dias em que vendi a alma para o conforto do corpo, pior, menti a mim mesmo e viciei o pensamento para acreditar que era ali o meu lugar, aquele o meu encaixe, claro que passado algum tempo adoecia, quase apodrecia. Depois para curar tudo, voltava a ela, a solidão regenerativa e ficava guloso a saborear o melancólico das horas o ócio como presente. Não existe na vida nada melhor do que o som do mar no fim de tarde de inverno, o sorriso de uma criança em qualquer situação ou um céu estrelado longe das cidades em noites de verão, estes momentos vivo-os sempre em estado de ressaca da minha própria bebedeira sentimental, deve ser aqui que o meu interior atinge um grau de pureza e leveza extrema que me permite absorver tão profundo o valor do que não tem preço. Porém é conveniente dizer que adoro viver, sintomático mesmo é a regularidade que tenho neste percurso, neste ciclo que faz de mim novo e leve quando se fecha, chamo-lhe vício.
O desafio chegou, estou como nunca estive, estou como disse muitas vezes, mas agora à séria, cabeça ocupada, sem apetite, feliz, doido, falta de ar e uma saudade até quando estou a olhar para ela...olhar para ela... olhar... E fico assim o resto da vida... O olhar... Será? Será a minha vez de ser quase sempre feliz? Espero que os ventos e os oceanos revoltos se convertam num rio sereno e numa brisa de toque leve em pele eriçada. Claro que posso suportar uma tempestade de quando em vez...